Por: Ana Correia, Psicológica
DICA 1
Estamos todos a passar por uma fase desafiante que nos gera medo.O medo é uma das emoções primárias e tem a função de nos alertar para o perigo e com isso fazer-nos mobilizar recursos para nos protegermos. No entanto, o actual cenário está a deixar o nosso sistema interno de alerta em hiperviligância gerando stress e ansiedade, em alguma escala.É importante que possamos investir num conjunto de práticas que nos devolvam controlo, segurança e estabilidade.
Em primeiro lugar, criar um filtro reforçado daquilo que recebe do exterior:Escolher uma ou duas fontes de informação credíveis e consultá-las apenas duas vezes por dia, como forma de se actualizar. Proteja-se de alarmismos.
Aposte ainda nos seus três pilares do bem-estar:Crie um horário regular para se deitar e levantar e invista numbom descanso; Faça umaalimentação equilibrada e o mais natural possível,evitando açúcares refinados ou comidas calóricas e salgadas; Reserve alguns momentos do dia parapráticas de actividade física. O investimento nestas três grandes áreas irão ajudar a baixar a activação fisiológica, a reduzir o stress e a regular as suas emoções, tão importante numa fase de grande vulnerabilidade física e psicológica.
DICA 2
Este é um momento para cuidar da sua saúde de forma integrada e para investir em comportamentos de saúde física e psicológica.Numa altura em que é prioritária a higienização regular e cuidada das mãos, então que possa potenciar esse momento e criar também uma oportunidade de higiene mental.
A cada lavagem ou desinfecção das mãos, foque a sua atenção na sua respiração: inspire pelo nariz e expire o dobro do tempo pela boca.
Desta forma irá conseguir regular o funcionamento global do corpo, aumentando a sua percepção de controlo e reduzindo stress e ansiedade, o que é essencial para um bom funcionamento do sistema imunitário.
DICA 3
Uma das principais estratégias para superar da melhor forma esta experiência de isolamento é ocupar o seu tempo de maneira positiva e estruturada e evitar aborrecimento. Deixo-lhe algumas sugestões:
1) Definir um objectivo,intenção e propósito para os seus dias: O que vou fazer hoje é?
2) Estabelecer rotinas. Divida o seu tempo em três grandes blocos: Tempo para descansar; tempo para trabalhar; tempo para lazer.
3) Ocupar o tempo com tarefas prazerosas que carreguem baterias. Por exemplo, comece por fazer a sua lista de paixões com as actividades que gosta de realizar e vá introduzindo-as gradualmente nos seus dias.
4) Invista nas suas relações presencialmente ou mantendo o contacto através das redes sociais. Vai ser muito importante para combater a solidão e partilhar o que está a viver.
5) Crie um diário ou uma caixa de recordações desta experiência. É uma forma interessante de dar sentido ao que está a viver e no final dar-se conta da sua capacidade de conquista e superação.
6) Defina objectivos para o final da quarentena como uma espécie de “luz ao fundo do túnel”.
Quando o cérebro e corpo reconhecem a manutenção de algumas rotinas e de um propósito, mesmo num cenário diferente, isso é securizante e permite reduzir o stress.
DICA 4
É importante reservar alguns momentos do dia para se auto-observar e dar nome ao que está a viver e para isso deixo-lhe um exercício:Feche os seus olhos. Coloque a sua atenção na sua respiração durante alguns minutos e deixe-se ir ligando gradualmente a si e ao momento presente.Observe o seu corpo desde a cabeça até aos pés e vá-se perguntando: O que está na minha mente? O que estou a pensar? Que tipo de pensamentos estão na minha cabeça?; O que estou a sentir? Que emoções estão dentro de mim?; Como está o meu corpo? Que sensações físicas estou a viver?.
Este é um excelente exercício para ganhar mais consciência das suas necessidades físicas e psicológicas e poder responder-lhes de forma mais adequada.
DICA 5
Teletrabalhoem tempos de medo, atenção dividida e espaços constantemente partilhados com outras pessoas. Sim, é possível!
- Comece porcriar um espaço específico para trabalhar, preferencialmente que lhe confira privacidade.
-Arranje-se como se fosse sair de casa.
-Estabeleça rotinas e horáriosde forma a evitar desperdiçar tempo e energia com distracções.
-Defina mini objectivos e planos de acção concretos.
-Escreva todos os planos em papel, isto torna-os mais reais e aumenta a capacidade de fazer acontecer.
- Aprenda a dizer não ao acessório:É urgente ou é (só) importante?
- No caso de ter filhos,peça ajuda a outro elemento da família para ficar com os mais pequenos.
-Intercale períodos de trabalho com período para a família.
-Diminua a sua auto-exigênciae aceite que pode estar menos produtivo.
- Bloqueie três períodos de tempo na sua agenda:Tempo para planear; tempo para fazer; e tempo para descansar.
DICA 6
Este cenário abre a oportunidade de cultivar uma mentalidade de crescimento. Mais do que alimentar pensamentos de medo e de criar filmes de terror na sua cabeça, dê um sentido racional ao que está a acontecer efoque a sua atenção naquilo que pode aprender e crescer com esta experiência.
Saber que estamos todos a passar pelo mesmo, investir naquilo que está sob o seu controlo, ampliar histórias positivas desta situação,alimentar pensamentos positivos, reconhecer o papel daqueles estão na área da saúde ou que prestam outros cuidados básicos necessários ao dia-a-dia,praticar a gratidão, recorrer ao passado para ir buscar capacidades e competências para lidar com situações adversas, confiar nas relações humanas e acreditar que tudo vai passar, é muito protector e potenciador.Tudo aquilo que cultivar a coragem, esperança e optimismo é uma vantagem para superar esta experiência da melhor maneira.
Qual é a primeira coisa que quer fazer assim que puder sair de casa livremente e a vida quotidiana voltar ao normal?
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